Primeiras impressões do Planeta Terra

03/07/2011 12:02

Por Rafael Soal

Uma das maiores esperas de 2011 foi saciada logo em março: os Strokes voltaram e lançaram um disco novo! Que maravilha! Mas, como a sina do ser humano é a constante insatisfação, os brasileiros criaram uma nova expectativa: quando eles vêm ao Brasil? No Rock In Rio? No fim do ano? Quase. Eles vêm ao Brasil em novembro, no Festival Planeta Terra.

A notícia foi dada em abril, e todos (eu incluso!) ficaram excitados. No meu caso, muito mais: a primeira vez que ouvi Strokes na vida foi em 2007, na rádio onde trabalho. Todo o boom da banda já tinha se esvaído, e, justamente naquele ano, eles anunciaram a já famigerada pausa por tempo indeterminado. Contentei-me, então, com os três álbuns lançados e a esperança de um dia vê-los em ação. Mas veja só: cinco anos depois, enfim, eu seria recompensado! Obrigado, Planeta Terra!

A venda de ingressos foi anunciada para maio. Mas, infelizmente, numa data em que meu cartão de crédito não aceitaria um ingresso para o festival. A solução? Simples, esperar o meu salário chegar e comprar o bendito bilhete. Eu tinha folga pra isso, visto que o mesmo festival, no ano passado, demorou cinco meses para liquidar todos os ingressos. Não tinha erro...

O pior é que tinha. E teve.

Para meu desespero, todos os 18.000 ingressos se esgotaram em 14 horas. 14 horas! Um absurdo! A Internet realmente está na casa de muitos brasileiros. O site responsável pela venda dos tickets, nas palavras de um amigo que comprou, chegou a cair! Chegou a emperrar, de tanta gente que entrou louca pra adquirir o seu. Com essa, sinceramente eu não contava. E acredito que os promotores do evento também não. Melhor pra eles, pior pra mim.

Não é de hoje que vendas de ingressos na Internet, pelo menos no Brasil, está uma completa bagunça. Foi assim com o U2 ano passado: os ingressos desapareceram tão rápido que tiveram que abrir outro show. De novo, sumiram sem deixar sinal. Abriram um terceiro show. Foram precisos três espetáculos da turnê U2 360 para saciar a vontade dos brasileiros. Podemos incluir aqui também o lendário Paul McCartney que, em seis meses fez quatro apresentações lotadas.

Os produtores não estão nem aí. Ganham o mesmo dinheiro na balbúrdia quanto na organização. Não sei se é esse o termo adequado, mas precisamos urgentemente democratizar o mercado de ingressos. Criar postos físicos juntamente com os virtuais, reduzir a, no máximo, dois ingressos por pessoa... Não sei. Tenho certeza que algum internauta faminto comprou ingresso para cada uma das três apresentações do U2. É preciso coração aqui: pensar em quem está longe, em quem não tem banda larga, em quem ainda frequenta lan house, mas vibra com a mesma paixão ao ouvir uma música de seu ídolo.

Enquanto escrevi isso aqui, deu vontade de chorar e gastar lenços e mais lenços de papel. Porque, ao contrário do carnaval, ninguém pode me garantir Strokes no ano que vem.